quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço

Transcrevemos na integra um texto publicado pelos nossos camaradas ciborrenses no seu blogue (http://pfciborrenses.blogspot.com). Nós também gostávamos de obter respostas e dados às perguntas colocadas.

«A situação da gestão da água para consumo humano e águas residuais no concelho de Montemor-Novo é desastrosa e a culpa é da entidade gestora: Câmara Municipal de Montemor – Novo (CMMN).
É lastimável!
Enquanto se canalizam fundos para moinhos, piscinas, campos de futebol, iluminação de castelos, requalificação de Rossios – os esgotos dos montemorenses continuam a correr para o Almansor sem qualquer tipo de tratamento. A CMMN “ prefere” pagar sistematicamente multas do que de uma vez por todas reconstruir e colocar em funcionamento a Estação de Tratamento de Águas Residuais da cidade.
No Ciborro a situação é idêntica. Apenas muda a linha de água – Ribeira das Barrosas. O mais incrível de tudo isto é que o partido que tem maioria na CMMN deste 1974 apelida-se o grande defensor das causas e serviços públicos do concelho. Mas que serviços? Aqueles serviços públicos por eles prestados como por exemplo o abastecimento de água e o tratamento de aguas residuais? Mas que grande hipocrisia!
Vejamos o caso concreto do Ciborro no que diz respeito ao abastecimento de água. As rupturas acontecem dia sim, dia não. A reposição da água é feita quase sempre nas 12horas seguintes, mas que qualidade tem essa água? Quais os níveis de desinfectante residual? São feitas análises de verificação? Onde estão os resultados? É feito o controlo operacional? Onde é possível ver os valores? Admitindo que tudo isto é verificado e está conforme a legislação em vigor e como tal assegurada a saúde dos ciborrenses, no que diz respeito ao consumo de água, estamos então perante uma grave falha de comunicação. Afinal nós pagamos um serviço que está constantemente a falhar e na qualidade de consumidores –pagadores temos o direito de saber quais as regras do jogo. E quando falamos de água para consumo humano a regra principal é saber se a água que bebemos é potável ou não!
Outras questões a colocar prendem-se com a origem das rupturas. Serão as condutas que já são antigas? E são de cimento e não aguentam a pressão da água? Sendo de cimento ainda tem fibrocimento com amianto? (o amianto possui características cancerígenas e foi totalmente proibido em Portugal em 2005). Se sim, como é assegurada a protecção aos trabalhadores camarários que efectuam as reparações?
Todas estas questões ainda não tem resposta por parte de quem gere a água, ou pelo menos não tem resposta pública.


Relembro a entrevista que o presidente da CMMN deu ao Diário do Sul no dia 21 de Dezembro de 2007. Quando questionando com o problema do abastecimento de água na freguesia do Ciborro, disse mais ou menos isto:
" …a indignação da população é mais uma questão política do que outra coisa qualquer “


Não é questão política coisa nenhuma. É a reivindicação de um direito. O direito a ser informado e o direito á saúde. É que os problemas relacionados com a água são problemas de Saúde Publica. Mesmo assim o partido que nos governa a nível concelhio anda constantemente a gritar-nos aos ouvidos:
“Somos defensores dos serviços públicos e defendemos a saúde para todos os montemorenses”
No entanto, correm esgotos a céu aberto e a qualidade da água para consumo é deficiente ou na melhor das hipóteses sujeita a levantar muitas dúvidas.
Perante a qualidade dos serviços públicos prestados pela CMMN é caso para dizer: “Olha para o que eu digo não olhes para o que eu faço.”»

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vampiros

Venho esclarecer que este blogue não é capacho (nem tacho) partidário. Por criticarmos a Câmara Municipal ou a Junta da Vila, ambas PCP, não quer dizer que sejamos do PS, do PSD ou do CDS. Eu, Alfredo, respondo que não sou filiado, nem faço parte de nenhum partido político. Simplesmente democrata.

Por isso, se alguns fracos de espírito não percebem a independência política, mesmo sendo militante dum partido, que não é o meu caso, são intelectualmente incontinentes ou simplesmente hipócritas. A actividade/participação cívica direccionada para a política não tem de ser sustentada por um partido, nem proteccionista de um partido. Daí surgir o preconceito que a política é dos políticos e não de todos os cidadãos. Logo, a existência reduzida de participação e informação da actividade política, actualmente descredibilizada, da nossa localidade e do nosso país, em geral. Se as nossas opiniões são coincidentes com um partido, dois, três, que sejam. Parece-me a mim que fosse esse o objectivo inicial e principal de cada partido dentro da sua ideologia. Se nós somos filiados no Partido da Terra e Testemunhas de Jeovás, que sejamos.

Quem se livrou da sua consciência teve a liberdade para tal, escondendo e disfarçando os erros do partido através do contra-ataque partidário e não da racionalidade. Nós somos livres e decidimos explorar a nossa consciência cívica através da palavra escrita, do argumento, da opinião, da discussão, da progressão.

Por fim, fui eu que escrevi o texto do Boletim da Junta da Vila, visto que resido lá e foi-me parar à caixa de correio. Quanto ao Boletim da Junta do Bispo não sabia da sua existência, se alguém tiver pdf que possa enviar ficava(mos) agradecido(s).

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A imparcialidade não é a minha pátria

[clicar na imagem para ver em tamanho maior]



Enquanto fazia as migas para o jantar da minha Zefa, estava com um olho no burro e outro nas actas da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila. Não é que o senhor presidente da Junta foi emprestar uma carrinha à concelhia do PCP para desimplementarem a Festa do Avante. Então o Avante foi na Ché e ninguém me disse nada? Será que a Junta de Freguesia da Amora também emprestou uma carrinha para a Junta desimplementar a Feira da Luz? É concebível considerar-se este apoio: ASSUNTO DO INTERESSE DA FREGUESIA? É concebível ratificar um pedido desta ordem?

Ácido Desoxirribonucleico

No brasão da cidade estão dois dos nossos maiores e espantosos símbolos enquanto montemorenses, o Castelo e o rio Almansor. O espanto, neste momento, é que o rio seja desprezado e esteja a ser contaminado por dejectos não tratados e o nosso Castelo seja a sombra do que foi e do que poderia ser.
Aproveitando que falo do Castelo, a igreja de S. Tiago, agora também Centro Interpretativo, por que raio a fachada foi pintada de branco? A cor da estação na época medieval era o branco! Ah, por que foram destruídas as escadas da igreja da Misericórdia? Quem aprovou a obra viu os desenhos ou esboços?
Eu já não só do tempo das lontras no Almansor. Contudo gostava de ver o rio renascer. Também não sou do tempo dos mouros. Mas gostava de ver o meu Castelo restabelecido. O que gostaria de ver o senhor presidente da Câmara e a senhora vice-presidente da Câmara?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Comentários no Facebook

A Maria Rodrigues Cruz publicou o seguinte comentário no facebook do Tal Tá Porra:
“Gostava de perguntar a quem responsável qual é a ideia de só acenderem as luzes da "aldeia" uma hora depois do sol-posto e se no inverno isto é para continuar. Como entro ao serviço às 7 e saio as 22 vou começar a andar de lanterna. E já agora nem o sr. presidente tinha reparado que a avenida só tem candeeiros de um lado, o que quer dizer que há 60 anos já se poupava na luz. E só outra observação como é que é permitido as esplanadas até ao fim do passeio como o caso do Europa 4 e do Pic-Nic em que para se passar ou pede licença aos pés dos senhores ou passa na avenida.”
Transcrevemos a crítica da Maria, porque todos os dias cada um de nós depara-se com pequenas dificuldades e desconfortos desnecessários devido a problemas de optimização e logística.
O Outono começou no dia 21, apesar de as temperaturas não serem indicativo da mudança. Contudo, os últimos raios de Sol ficam mais preguiçosos e vão mais cedo para casa. Agora as lâmpadas acendem-se mais tarde do que deveriam. No Inverno, ficam acesas mais tempo do que deveriam pela manhã. Em bom rigor, os dias são nublados e não são radiantes. Mas o dia já clareou e a criançada já está nas aulas e as luzes continuam acesas. Como é sabido os passeios em Montemor não são espaçosos, especialmente entre o Tribunal e a Repsol, encolhendo ainda mais graças às esplanadas que a Maria referiu e aos parques de estacionamento improvisados em cima dos passeios.

Dias de Tempestade, Camarada

O facto é que quem trabalha ou estude em Lisboa (sendo ilustrativo, poderia ser outro sítio qualquer), por isso desloca-se para lá todos os dias da semana, ou precisa de lá ir regularmente por qualquer outra razão (tratamentos de saúde, por exemplo) durante o mês não tem uma alternativa viável em termos financeiros ao carro, para quem o tem, ou à Rede de Expressos, onde o preço normal do bilhete de cada em média ronda os 12€, variando consoante o dia da semana, terça e quarta é mais barato, à sexta é o verdadeiro absurdo. Ainda por cima não tem passe mensal. Contrariamente à CP que tem o flexipasse para a rede do Alentejo, caso se viaje os 5 dias da semana ida e volta durante um mês, baixa o preço de cada viagem para 5€-6€. Se houvesse facilidades cómodas de acesso aos comboios como alternativa aos outros meios de transportes seria mais económico e confortável para os montemorenses. Para além de o tempo de viagem ser o mesmo e não terem problemas com o trânsito. Ainda mais, para apanhar o comboio na Casa Branca, mais vale ir até Vendas Novas, demora-se o mesmo tempo, no entanto tanto bilhete como o passe é mais barato. A não esquecer que a via-férrea não é só importante para o transporte de passageiros, mas também de mercadorias. Sabendo que a Câmara volta e meia mete umas pedras nas estradas para tapar buracos, os mesmos todos os anos, ou faz arranjos em acessos locais, como é possível esquecer-se deste meio estratégico???

Dias de Sol

Aproveitando um destes dias de Sol, resolvi ir dar um passeio até à Torre da Gadanha… O que em tempos foi uma estação cheia de vida e movimento é hoje uma sombra do passado e um local ao abandono, estando subaproveitada.


Nos tempos áureos deste povoado, Montemor dispunha de comboios para toda a parte do país através do Ramal de Montemor e Linha do Sul (Actual Linha do Alentejo), movimento esse que durou até ao fim dos anos 90, bem além do encerramento do Ramal de Montemor em 1988.


Recentemente a linha do Alentejo sofreu uma profunda modernização entre Évora e o Vidigal (Vendas novas), sendo electrificada e equipada com modernos sistemas ferroviários de circulação e segurança, comboios mais rápidos, cómodos e competitivos, permitindo reduzir distâncias.

No entanto não se compreende como continua ao abandono a Torre da Gadanha, estação que poderia servir a cidade de Montemor, visto que dista apenas 9 km da nossa cidade (outras estações funcionais têm uma maior distância entre a cidade e as estações e com piores acessos) com uma estrada em perfeitas condições de circulação.

O Ramal de Montemor não abre mais, nem poderia, nunca seria competitivo, no entanto a câmara paga 2 mil euros anuais à REFER para ter em exploração uma ecopista e não se compreende porque não exerce pressão sobre a REFER para que a Torre da Gadanha possa servir Montemor, trata-se de um cenário perfeitamente exequível (exemplo de Coruche na Linha de Vendas Novas).

Senhor presidente, penso que está na altura de ponderar mais esta alternativa de transportes aos montemorenses, numa altura que tanto se debate os gastos energéticos e o custo dos combustíveis, muita gente prefere o comboio ao autocarro, devido à sua rapidez, comodidade e ao facto se não estar sujeito às complicações rodoviárias.

Porque privar os montemorenses do transporte ferroviário quando ele pode e deve ser alternativa? Não temos assim alternativa à rodovia.

domingo, 2 de outubro de 2011

"Fregueses, mudei a Junta [de Freguesia de Nossa Senhora da Vila]"

O presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila entendeu lançar o “Boletim da Freguesia”, há cerca de um mês, “neste momento” em que “os tempos actuais não são fáceis para aqueles que vivem do seu salário”, como descreve no editorial. Que expressão nada comunista, perdão, comodista, senhor presidente. Dado que o Américo Amorim é assalariado está na maior. Os desempregados e os subsidiados também. Acrescenta ainda, “é fácil transmitir, de forma demagógica, a todos aqueles que vêm em situações difíceis que a necessidade dos serviços públicos prestados pelas Juntas de Freguesia às populações residentes são facilmente descartáveis”. Quão mais demagógico poderia ser? A necessidade pública não é descartável, realmente. Mas, os serviços prestados pela sua Junta são de facto descartáveis, segundo o que maioritariamente apresenta no boletim.

Aliás, fazer um boletim de 16 páginas A4, a cores, com papel de qualidade fotográfica, ou perto disso, em tempos que não são fáceis, perífrase para difíceis, é, sem dúvida, um excelente indício de tais constrangimentos. Estipulando que cada página do género impressa custa 0,20€ (0,10€), o preço de cada boletim foi de 3,20€ (1,60€). Tendo em conta os dados preliminares dos Censos indicando que residem na freguesia 2.340 famílias, e como tal cada uma, por suposto, recebeu um boletim na sua casa, o preço final desta visível contenção de custos da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila devido à crise foi de 7.448€ (3.744€). Gostaria de saber a opinião da senhora vice-presidente da Câmara Municipal e vereadora do ambiente da atitude sustentável, perífrase para valente porcaria, do seu camarada.

Não me vou alongar no aspecto e estrutura pouco institucionais (esteve o senhor presidente da Câmara Municipal ao longo dos seus mandatos a fazer uma “Revista Mor” tão pimpona para depois o seu pupilo fazer um boletim pior que a Dica da Semana), porque acaba por ser irrelevante, constatando o laco de serviços prestados às populações residentes no último ano. Exceptuando os 25.550 km percorridos pelo transporte escolar no passado ano lectivo e equipamentos para o Centro Escolar de S. Mateus. Pelo menos neste “Fregueses, mudei a Junta”. Por isso cito o Vilão [aka presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila]: “Quando o país vive cada vez mais intensamente o perigo da litoralização e da desertificação do interior, as Juntas de Freguesias assumem como o último reduto dos serviços públicos a prestar à população”. Contudo por este andar temos de mudar de freguesia.

Assim meio a papo-seco contesta que “não acreditamos que este acordo realizado com a União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu venha resolver qualquer problema aos cidadãos do nosso País”, perífrase para o Partido Comunista Português não negoceia com fascistas. Prosseguindo pelo editorial, mais uma vez o boletim é confundido com o Avante realçando a “vitoria” (na Junta) do candidato da CDU às presidenciais com 34.14%. Contudo a “vitoria” não foi esmagadora, portanto está escrita sem acento (o actual presidente da República [PSD/CDS] alcançou 30.49%).

Por fim, o presidente conclui com: “temos investimentos programados, mas preferimos apresentá-los feitos, do que enumerá-los agora”. Quando as ambições não são expostas não se fracassa, no mínimo é-se falhado. Ou então cortam-se as ervas ou pinta-se qualquer coisa ou decora-se uma árvore de Natal. Deste modo lanço uma petição com o mote de mudar o nome de Junta de Freguesia para Cooperativa Arranjinhos.


NOTAS:
Os preços em parênteses curvos são a estimativa considerando o custo por página 10 cêntimos. Realço, novamente, que são estimativas. No entanto, não as considero absurdas, sabendo que uma fotocópia A4 em papel normal a preto e branco ronda os 5/10 cent. Chamo a atenção que foi utilizado o número de famílias (2.340) e não o número de alojamentos (3.019). Deixo ainda a referência de 8.100€ como o valor de apoios financeiros da Junta em contraste com os 3.744€-7.448€ do investimento num reles folhetim para que fique evidenciado desperdício de dinheiros públicos.

Léxico: Camarão, Camarinha, Vilão, Bispão, Escouralão, Cristóvão, Silveirão, Cabrelão, Ciborrão, Lavrão, Cortição, Forão.