domingo, 2 de outubro de 2011

"Fregueses, mudei a Junta [de Freguesia de Nossa Senhora da Vila]"

O presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila entendeu lançar o “Boletim da Freguesia”, há cerca de um mês, “neste momento” em que “os tempos actuais não são fáceis para aqueles que vivem do seu salário”, como descreve no editorial. Que expressão nada comunista, perdão, comodista, senhor presidente. Dado que o Américo Amorim é assalariado está na maior. Os desempregados e os subsidiados também. Acrescenta ainda, “é fácil transmitir, de forma demagógica, a todos aqueles que vêm em situações difíceis que a necessidade dos serviços públicos prestados pelas Juntas de Freguesia às populações residentes são facilmente descartáveis”. Quão mais demagógico poderia ser? A necessidade pública não é descartável, realmente. Mas, os serviços prestados pela sua Junta são de facto descartáveis, segundo o que maioritariamente apresenta no boletim.

Aliás, fazer um boletim de 16 páginas A4, a cores, com papel de qualidade fotográfica, ou perto disso, em tempos que não são fáceis, perífrase para difíceis, é, sem dúvida, um excelente indício de tais constrangimentos. Estipulando que cada página do género impressa custa 0,20€ (0,10€), o preço de cada boletim foi de 3,20€ (1,60€). Tendo em conta os dados preliminares dos Censos indicando que residem na freguesia 2.340 famílias, e como tal cada uma, por suposto, recebeu um boletim na sua casa, o preço final desta visível contenção de custos da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila devido à crise foi de 7.448€ (3.744€). Gostaria de saber a opinião da senhora vice-presidente da Câmara Municipal e vereadora do ambiente da atitude sustentável, perífrase para valente porcaria, do seu camarada.

Não me vou alongar no aspecto e estrutura pouco institucionais (esteve o senhor presidente da Câmara Municipal ao longo dos seus mandatos a fazer uma “Revista Mor” tão pimpona para depois o seu pupilo fazer um boletim pior que a Dica da Semana), porque acaba por ser irrelevante, constatando o laco de serviços prestados às populações residentes no último ano. Exceptuando os 25.550 km percorridos pelo transporte escolar no passado ano lectivo e equipamentos para o Centro Escolar de S. Mateus. Pelo menos neste “Fregueses, mudei a Junta”. Por isso cito o Vilão [aka presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila]: “Quando o país vive cada vez mais intensamente o perigo da litoralização e da desertificação do interior, as Juntas de Freguesias assumem como o último reduto dos serviços públicos a prestar à população”. Contudo por este andar temos de mudar de freguesia.

Assim meio a papo-seco contesta que “não acreditamos que este acordo realizado com a União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu venha resolver qualquer problema aos cidadãos do nosso País”, perífrase para o Partido Comunista Português não negoceia com fascistas. Prosseguindo pelo editorial, mais uma vez o boletim é confundido com o Avante realçando a “vitoria” (na Junta) do candidato da CDU às presidenciais com 34.14%. Contudo a “vitoria” não foi esmagadora, portanto está escrita sem acento (o actual presidente da República [PSD/CDS] alcançou 30.49%).

Por fim, o presidente conclui com: “temos investimentos programados, mas preferimos apresentá-los feitos, do que enumerá-los agora”. Quando as ambições não são expostas não se fracassa, no mínimo é-se falhado. Ou então cortam-se as ervas ou pinta-se qualquer coisa ou decora-se uma árvore de Natal. Deste modo lanço uma petição com o mote de mudar o nome de Junta de Freguesia para Cooperativa Arranjinhos.


NOTAS:
Os preços em parênteses curvos são a estimativa considerando o custo por página 10 cêntimos. Realço, novamente, que são estimativas. No entanto, não as considero absurdas, sabendo que uma fotocópia A4 em papel normal a preto e branco ronda os 5/10 cent. Chamo a atenção que foi utilizado o número de famílias (2.340) e não o número de alojamentos (3.019). Deixo ainda a referência de 8.100€ como o valor de apoios financeiros da Junta em contraste com os 3.744€-7.448€ do investimento num reles folhetim para que fique evidenciado desperdício de dinheiros públicos.

Léxico: Camarão, Camarinha, Vilão, Bispão, Escouralão, Cristóvão, Silveirão, Cabrelão, Ciborrão, Lavrão, Cortição, Forão.

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